Anti-balada

Anti-balada

 

Pessoas "diferentes" são muito comuns

Recorte do cartaz de As patricinhas de Beverly Hills (1995): mente vazia, oficina...

Não, hoje definitivamente eu não quero ir para a balada! Desculpe, Lenine, mas hoje eu não quero sair só, muito menos acompanhado. A balada que não me espere porque eu não vou chegar. Britney, minha princesa, aquele womanizer não terá mais o piece of me que ele deseja. Chega de baladas! Essa ilusão teatral com trilha sonora de gosto duvidoso, em que estranhos escolhem a próxima boca que vão beijar, como quem compra meias nas lojas de departamento, não vai contar com mais este ex-figurante. Bye, bye, "boite", "boatch", e etc. Já deu o que tinha que dar ser "selecionado" não a dedo, mas por algum idiota que usa os dedos para contabilizar quantos usou para saciar desejos carnais e fingir que vive, enquanto foge de relacionamentos verdadeiros e duradouros. Exagerado, eu? Sou sim! Se Cazuza tivesse me conhecido a canção dele narraria sentimentos mais intensos que os palavrões berrados por Dercy. Mas a questão agora é que eu não tenho mais 22 anos para ficar por aí nessas baladas, eu tenho 23! Não posso mais ficar fazendo "carinha de quem tá gostando demais", repetindo refrões que eu sequer sei o que significam, imitando passinhos que não criei, e sorrindo para incapazes que simulam a alegria que nunca terão. Não sou anti-festas, mas me tornei anti-baladas. Eu amo dançar, amo cantar, mas balada não é só isso, e é todo o restante que eu não quero mais. Nem todo pague 1 leve 2 é válido, e eu não quero mais me misturar aos sons ensurdecedores que querem bloquear pensamentos, envenenar sangue com álcool e fazer com que você se sinta moderninho, diferente. As pessoas das baladinhas querem ser tão diferentes que se tornam mais comuns do que toda a bizarra normalidade que nos rodeia. Não se preocupe em ser diferente, em não ser comum, em não ser normal, tente ser alguém que presta! Qual a graça e a revolução de no início do século XXI você alternar entre bocas masculinas e femininas, dar beijo triplo, beijo quádruplo, revelando ser um ser de quinta? Dispenso! Sexo por sexo há desde o tempo das cavernas, enquanto o amor é uma invenção bem mais recente. Hoje sua carinha é bonitinha, seu corpinho é gostosinho, e alguns bons querem acordar na sua cama (só que eles sempre vão embora, baby!). E amanhã? Ou você vai continuar indo à balada aos 50 anos procurar um companheiro? Para que se arrumar, se perfumar tanto, se no final vai sair de lá fedendo a cigarro? Aposenta essa irritante calça xadrez da pior nova moda gay-caipira-fashion, coloca alguma coisa boa nessa cabeça, fora essa boina ou esse chapéu de ilusionista e acorda: a humanidade já ultrapassou a época de chocar, clamar por aceitação aos diferentes. O que precisamos agora é nos entender. Me poupe dessas "balas" de sabor salgado, engula a fumaça do seu cigarro, vomite idéias, vomite amor e não essa sua vodka destilada. Troque os caminhos que conduzem sua alma abalada para a balada. Esqueça as drogas dessa sua droga de vida. O mundo de ilusões não é o meu que acredita no amor, é o seu, que precisa de tanta coisa para uma felicidade momentânea. Não é melhor não fazer, ao invés de se culpar no dia seguinte? Pára de aproveitar a vida e começa a viver a vida! Entende a diferença? Estou sendo muito clichê ao mandar você abaixar o som, aumentar seu nível e tentar ter um pouco mais de amor na sua vida? Estou sim! Assumo: eu sou clichê, meu caro! Agora, sabe por que as coisas se tornam clichês? Porque as informações precisam ser repetidas quando não são assimiladas! Então, eu repito, com todo clichê confesso de quem deseja algo mais, sem batidões ao fundo, sem remix e sem feat. de algum rapper bola da vez: construa e não se destrua ao som da nova música da Rihanna. Por falar nela, ei, DJ: PLEASE, STOP THE MUSIC!

"Eu espero que algum dia você saiba pelo menos o nome do meio de alguma das pessoas com as quais você transa"
(Encontros ao acaso - 2006)

Tópico: Anti-balada

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