Quando eu saí do armário

25-12-2011 18:57

 

A primeira pessoa para quem eu saí do armário… fui eu mesma. Demorou um tempo até eu me aceitar, até eu perceber que aquilo não era um problema. Passei mais de um ano tentando colocar as coisas no devido lugar; sentimentos, pensamentos, medos, inseguranças.

Chegou um determinado momento em que todo esse sentimento e essa angústia não cabia mais dentro de mim, então resolvi dividir com alguém. Esse alguém foi uma das minhas melhores amigas, a de mais tempo. Assim que contei ela tentou me dar apoio, demonstrar que estava tudo bem, mas dava para perceber que ela estava meio assustada com toda essa revelação. O maior motivo desse susto foi porque junto com a revelação da minha homosexualidade veio o conhecimento de que eu estava apaixonada por nossa melhor amiga (eu digo “nossa” porque era uma melhor amiga em comum). Essa amiga para quem eu me assumi começou a ignorar o assunto, fingir que não sabia de nada e isso me magoou porque eu estava precisando muito conversar com alguém. Foi aí que surgiu a necessidade de me assumir para outras pessoas.

Logo em seguida foi a vez da minha outra melhor amiga. Foi muito difícil, levando em conta todo o sentimento envolvido. Passei uma tarde inteira planejando contar, mas a coragem nunca era suficiente. Fomos até a cozinha preparar algo para comer. Sem que eu percebesse algumas lágrimas já desciam pelo meu rosto quando sério, pedi que minha amiga sentasse. Ela ficou assustada e quando soube o motivo do meu “chororô”, confessou estar aliviada e ainda perguntou:

- É só isso? Achei que você estava grávida.

Me deu um abraço e me fez perceber que tudo ia ficar bem.

Confesso que criei essa dependência de me assumir para as pessoas, porque a sensação de se tornar verdadeira, completa para você e para os outros, não tem explicação.

Depois das duas amigas, chegou a vez da minha irmã (que é um pouco mais velha que eu) e é aquela com quem eu posso contar em todas as horas. A reação dela foi tão natural que eu até estranhei. Há alguns dias ela veio me contar que assim que eu me assumi pra ela, não foi tão tranquilo quanto pareceu. Ela disse que tentou ficar o mais calma possível pra não passar nenhuma insegurança pra mim. E eu amo ela por isso, se ela tivesse esboçado alguma reação diferente, acho que eu teria pirado.

Bom, depois das gurias e da mana… me assumi pra minha mãe, num papo muito aberto, coisa que raramente a gente tem. E eu acho que no final o saldo foi positivo. Ela não pirou, não tentou me persuadir, só disse que me amava e que estaria do me lado, independente da minha decisão.

Além dessas, outros amigos mais chegados sabem e a cada dia que eu me assumo para alguem é uma pequena conquista pessoal pra mim. Há alguns dias eu tive minha maior vitória…

Uma amiga que inegavelmente tinha opiniões homofóbicas mudou muitos conceitos ao saber da minha homosexualidade. E eu fico muito feliz por esse crescimento dela.

Espero que a minha história ajude muitas de vocês encontrarem sua felicidade, seja dentro do armário ou não.

Bru